Detecção Automática de Meteoros

no domínio óptico (visível e infravermelho próximo)
com video-cctv de elevada sensibilidade


O que são meteoros?

Observação de meteoros

Sistema de observação vídeo MetRec

As minhas estações de observação
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Rui Gonçalves
 Linhaceira - Tomar

 

Sistema de observação vídeo - MetRec

A observação e registo visual de meteoros é um tipo de trabalho que "consome" e requer muito tempo disponível, atenção e concentração por parte do observador. Todos estes factores podem ser conseguidos e substituídos por sistemas de registo video-óptico automático. Embora o limite de detecção, em quantidade e magnitude, possa ficar um pouco aquém do registo visual, as vantagens na obtenção de parâmetros com maior rigor e precisão representam uma enorme mais valia. A principal vantagem é a de não ficar limitado à disponibilidade do observador humano para a realização do registo, e de possuir o mesmo grau de sensibilidade durante toda a noite (não adormece...). Os sistemas podem operar sempre que as condições atmosféricas o permitam (protegidos dos elementos, podem operar sempre, continuamente), cobrindo não só os principais enxames activos conhecidos, como todos os outros, ao longo do ano. Para efectuar este tipo de registo, é necessário dispor do seguinte equipamento:
 

Câmara de vídeo-ccd muito sensível

No registo de meteoros, usualmente são usadas câmaras a preto e branco, com sensor de 1/2". São conhecidas por cctv (closed circuit tv) e geralmente usados nos sistemas de video-vigilância. No entanto os modelos de cctv usados na detecção dos meteoros são os mais sensíveis que se podem adquirir, muito acima das comuns cctv que podemos encontrar em qualquer loja de equipamentos cctv. Os nossos modelos são tipicamente vendidos nas lojas de equipamento astronómico. São também por vezes, usados tubos intensificadores de imagem, mas estes, embora muito mais sensíveis, têm a inconveniência do seu elevado preço e tempo de vida útil limitado (têm a agravante de ficarem danificados com iluminação excessiva).

Com as modernas câmaras cctv, por exemplo, os modelos 12V1C-EX e 12V6HC-EX da Mintron e WAT-902H2 ULTIMATE da Watec, com sensibilidades da ordem do 0,001-0,0001 lux a f/1,4, é possível obter excelentes resultados. Este tipo de sensores (de 1/2") abrange o espectro do visível e infravermelho próximo.

A elevada sensibilidade é essencial. Queremos registar o maior número de imagens possível de fenómenos que duram normalmente uma fracção de segundo.

Modelos 12V1C-EX e WAT-902H2 ULTIMATE.
 

Ópticas muito luminosas

Para maximizar a detecção são normalmente usadas objectivas asféricas ultra-luminosas, com aberturas relativas entre f/1,4 a f/0,75. Os modelos de cctv têm rosca C ou CS. Com outras objectivas temos de usar um anel conversor para este tipo de roscas. Os modelos mais usados actualmente são os da linha de objectivas asféricas de 1/2" e abertura f/0,8, da Computar. Infelizmente o seu fabrico cessou e só raramente se consegue adquirir uma objectiva destas (em 2ª mão). A Cosmicar-Pentax tem também uma linha de objectivas asféricas para 1/2", com abertura f/0,75, ainda disponíveis no mercado. Existem mais marcas e é relativamente fácil encontrar, se não tão luminosas, aberturas relativas de f/1,0 a f/1,4.


Objectiva asférica
Computar 6 mm f/0,8.
 

Digitalização do sinal vídeo e software de registo

O sinal vídeo proveniente da cctv (através de um cabo coaxial apropriado) é directamente inserido numa placa digitalizadora instalada num computador, e analisado em tempo real por um programa específico. Existem vários softwares comercialmente disponíveis dedicados a esta tarefa: o MetRec (de Sirko Molau, em DOS e brevemente em Windows), o MeteorScan (de P. Gural, em Mac), o UFOCapture (da Sonotaco, em Windows) e o HandyAvi webcam (da AZcendant Software, em Windows).

Para mais informação sobre cada um destes software, ver a página Analysis Procedures of Video Observations, da IMO.

Um dos primeiros programas a ser implementado foi o MetRec, por altura das Leónidas (em 1999). A maioria dos membros da rede de vídeo-meteoros da IMO (International Meteor Organization) funciona e é baseada neste software. O seu autor, Sirko Molau, é simultaneamente director da comissão de vídeo detecção da IMO.
 

O MetRec

O programa MetRec (Meteor Recognizer) detecta e analisa automaticamente imagens de vídeo, a 25 (CCIR) ou 30 (EIA) imagens por segundo, na pesquisa de meteoros. Pode ser usado na análise em tempo real (o modo usual) ou de gravações vídeo. Apresenta a vantagem de se pode iniciar ou de se reiniciar automaticamente, tendo assim um funcionamento autónomo. A digitalização do sinal vídeo é efectuada em placas Meteor I ou II (ou Corona) da Matrox, a 8-bit. O registo e sincronismo temporal podem ser inseridos directamente no computador ou através da imagem vídeo. Tem implementado um algoritmo de detecção e outro de análise da detecção, registando assim, para cada evento (meteoro); o instante da ocorrência (datação), a imagem somada e um pequeno filme, cálculo do brilho (magnitude) e respectivas coordenadas equatoriais de cada imagem e a correspondente velocidade aparente. Identifica ainda o radiante a que pertence cada meteoro. Associado ao software existem programas de pós-processamento, análise e pesquisa de radiantes.

Mateor2.JPG
Placa digitalizadora Meteor II da Matrox.

Para um funcionamento optimizado, das várias combinações possíveis de equipamento (câmaras e objectivas) e das condições locais de luminosidade, vários parâmetros podem ser modificados de modo a permitir o melhor desempenho. Parâmetros mais constrangidos originam um menor número de falsas detecções, mas obviam normalmente também a detecção de meteoros pouco brilhantes ou muito breves. Parâmetros menos constrangidos têm a vantagem dum maior número de detecções, mas que incluem em grande quantidade, falsas detecções. Para minorar os falsos eventos, o programa só responde a movimentos com velocidade aparente superior a 2,5º por segundo, o que exclui praticamente todos os satélites artificiais e aeronaves. No entanto os insectos nocturnos, morcegos, aves nocturnas e as nuvens baixas muito rápidas, superam muitas vezes esse limite e com condições de luminosidade (como lua cheia) são também registados pelo sistema.


Output gráfico do MetRec.

As quatro janelas de imagem, à direita, mostram a evolução da detecção em curso, e podem ser escolhidas de entre várias disponíveis, representativas do processo. As janelas à esquerda, contêm informação sobre os valores do sinal em análise e sumario dos resultados. O programa regista, após a detecção e para cada meteoro, em diversos ficheiros individualizados; a imagem somada e sua animação (filme), toda a informação de cada imagem (tempo, brilho e posição). Actualiza o ficheiro geral (.log), onde para além de todos os parâmetros de descrição e funcionamento do sistema, regista a análise feita a cada meteoro, com a sua velocidade aparente e radiante, finalizando com a descrição sumaria da sessão de registo, individualizada por cada noite.

A datação dos registos pode ser feita a partir do relógio interno do computador (e este pode ser sincronizado com um receptor DCF77) ou extraindo essa mesma informação da imagem vídeo corrente (se for o caso).

Os demais softwares de detecção e registo existentes, têm por base semelhantes algoritmos de actuação. Têm a vantagem de funcionar em sistemas operativos mais recentes (que não o DOS) e suportar placas digitalizadoras diversas (que não as Meteor). No entanto e devido à qualidade dos resultados obtidos com o Metrec + Meteor II, continua a ser um sistema em uso com um historial de uma década.